sábado, 2 de abril de 2011

Águia-calçada devolvida à liberdade em Olhão

Uma águia-calçada foi hoje libertada pelo Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS) na Ria Formosa, em Olhão, onde esteve cinco meses a recuperar de um disparo que lhe deixou a asa partida. Numa acção promovida com escolas de várias zonas do Algarve para proceder à libertação da ave, Fábia Azevedo, coordenadora do RIAS, contou à Lusa que a águia chegou ao centro em Outubro, depois de ter sido encontrada ferida por um popular que a levou para ser tratada.

 "Esta águia chegou no fim de Outubro. No primeiro diagnóstico, com raio-x, foi detectada a presença de chumbos e concluímos que, devido a um disparo, tinha uma asa partida, um osso fracturado", explicou a bióloga, frisando que a asa teve que ser imobilizada com uma ligadura durante cerca de dois meses. Depois, iniciou-se o processo de recuperação, com o animal a passar para um local maior para se poder exercitar e posteriormente colocada numa jaula de grandes dimensões ao ar livre onde são simuladas as condições ambientais normais do seu habitat para que recomece a voar e a caçar, precisou a coordenadora.

"Infelizmente, ainda se verificam casos de pessoas que disparam contra animais selvagens, contra estas aves de rapina. É ilegal, não se pode abater estes animais, mas não acontece só com as aves de rapina. Ainda esta semana recebemos uma cegonha e não se percebe isso", lamentou Fábia Azevedo.

Anteriormente conhecido por Centro de Recuperação de Aves, o RIAS é gerido desde Outubro de 2009 pela Associação Aldeia, numa parceria com o Instituto de Conservação da Natureza (ICNB) e a ANA Aeroportos, que financia o programa através da iniciativa "Business e Biodiversity".  Fábia Azevedo fez um balanço "bastante bom" do primeiro ano completo de actividade da Associação Aldeia à frente do Centro, em 2010, quando foram recuperados 1.080 animais em risco e foram libertados cerca de 43% desse número.

Apesar disso, a coordenadora do RIAS admitiu que os recursos são escassos e por isso precisa de criar acções de sensibilização, de apadrinhamento de animais para tentar obter mais verbas.  "Com estas acções de sensibilização e divulgação esperemos que o número aumente e em 2011 recebamos ainda mais animais", acrescentou. Neste âmbito, a libertação de hoje foi realizada perante alunos de escolas de Portimão e foi um êxito, com o animal a rapidamente desaparecer entre a vegetação da Quinta do Marim, sede do RIAS e do Parque Natural da Ria Formosa.

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